30 coisas que aprendi antes dos 30

Bia Crespo
20 min readApr 11, 2019

Uma delas é que é ok roubar ideias da Taylor Swift.

O eterno clássico De Repente 30 nunca esteve tão vivo.

1. Nem todo mundo precisa gostar de você.

Por mais da metade desses 30 anos estive preocupada com o que os outros achavam de mim. Principalmente nos primeiros 15. Sofri bullying na escola durante alguns anos — tanto por causa da minha aparência, quando por causa da minha personalidade. Isso criou em mim uma dúvida crucial: o que preciso fazer pra ser parte do grupo? Tratei essa questão com algumas terapeutas, grupos de internet, meus pais, e cheguei até a ler o famigerado Como fazer amigos e influenciar pessoas (que fase!). E, de fato, funcionou: é muito fácil fazer as pessoas gostarem de você; basta falar exatamente o que elas querem ouvir. O preço é a sua individualidade. Por alguns anos eu achei legal andar com pessoas populares e descoladas, mas chegou uma hora que perdeu a graça. Esses grupos funcionam porque eles são justamente isso: grupos. As pessoas não tem personalidades nem opiniões conflitantes. Elas não aceitam ser questionadas. Sugerir coisas novas, nem pensar. Que tipo de amigo não quer ouvir um conselho ou uma sugestão de quem confia? Aquele que não era seu amigo em primeiro lugar. Por isso, uma das coisas mais importantes que eu aprendi nesses 30 anos foi que ninguém precisa gostar de mim, e eu também não preciso gostar de alguém só porque todo mundo gosta. Meu grupo de amigos reduziu drasticamente, mas eu me tornei mais autêntica e fiel a mim mesma. Liberdade.

2. Não precisa se esconder por estar fora do padrão.

Durante boa parte desses 30 anos ouvi frases como “gorda não pode usar biquíni”, “vou de calça porque estou com a perna peluda”, “na minha idade não dá mais pra usar essa blusinha”. Sempre achei esses conceitos muito esquisitos, afinal eu sempre me vesti pro meu próprio conforto, mas como todo mundo fazia eu resolvi fazer também. Roupas “apropriadas”, maiô, depilação a cera, maquiagem (só em eventos — no dia a dia pra mim sempre foi demais, rs). Foi um inferno. Eu não entendia pra quem eu estava fazendo aquilo. Depois que me descobri lésbica fui deixando essas coisas de lado, pois a maioria dessas cobranças estéticas vem dos homens. Mas já vi esse tipo de babaquice até mesmo no mundo sapatão: uma menina do Tinder uma vez me perguntou se eu tinha a pepeca depilada porque ela não gostava de “nenhum pelo lá”. Antes mesmo do nosso primeiro encontro! Moral da história: sempre vão existir os fiscais de corpo alheio. Porém, quanto mais gente fora do padrão se mostrar por aí, mais teremos a coragem de nos exibir também. Sei que não é fácil e exige muito treino. Mas sejam fortes. Estamos juntas.

3. Tudo bem mudar de ideia.

Quando eu era adolescente, eu era praticamente obcecada pelos meus planos de futuro. Não existia plano B porque, pra mim, era tudo ou nada. Graças ao zodíaco, a gente vai ficando velho e o ascendente toma conta da nossa personalidade, senão eu seria essa ariana doida até hoje. Minha primeira grande mudança de ideia aconteceu na faculdade: eu decidi estudar cinema em uma particular sem nunca ter tentado a pública. Era uma mistura de medo de falhar com preguiça de estudar de verdade. Depois de dois meses na faculdade, percebi que talvez tivesse sido melhor fazer cursinho e encarar a Fuvest. E tudo bem. Mudei de ideia, tranquei a faculdade, entrei pra turma de maio do cursinho e passei na USP. Por um lado, perdi um ano de faculdade; por outro, entrei pro curso que sempre sonhei. Não sei dizer se essa decisão foi melhor ou pior objetivamente, mas tenho certeza de que foi a melhor decisão pra mim naquele momento. Depois disso, mudei de ideia em relação a emprego, esporte, carreira, apartamento, carro, relacionamentos, e tantas outras coisas. Nunca me arrependi de nenhuma delas.

4. A solidão é um presente…

Tive uma infância relativamente solitária por conta das minhas mudanças de cidade e do bullying dos colegas. Meus gostos sempre foram um pouco diferentes, o que resultava em hábitos solitários. Desde os 13, passei a ir ao cinema sozinha. Frequentei sozinha shows, teatro, restaurantes, museus, até que viajei sozinha pela primeira vez. Não existe algo mais gostoso do que estar feliz na sua própria companhia. Fazer coisas sozinha, principalmente quando se é mulher, ajuda muito a parar de se preocupa com o que os outros pensam. As pessoas vão olhar, talvez até comentem, mas sabe o que? Foda-se. Como já diziam nossas avós — muitas delas por terem casado por obrigação — antes só do que mal acompanhada.

5. … E a parceria também.

Mas como é bom encontrar uma parceira! Seja de vida, de botcha, de futebol de sabão, de corrida na esteira da academia, de Pokémon Go. A vida é feita de parcerias, e raramente alguém vai ser seu par em absolutamente todas as coisas que você quer fazer. Celebre seus pares e valorize quem te completa de alguma forma.

6. Você não precisa carregar tudo sozinha.

Esse item é dedicado a Mirela, minha terapeuta. Durante muito tempo eu sentia que meus problemas eram menores que os dos outros e por isso guardava tudo dentro de mim. Eu achava que, por não ser diagnosticada com ansiedade ou depressão, minhas questões eram menores e meu sofrimento era relativo. Às vezes é difícil se permitir sentir mal quando seus amigos estão muito pior — mas o sofrimento não é algo comparativo. Assim como a felicidade, cada um sente de um jeito. Falar sobre meus problemas foi algo extremamente libertador, e ouvir os conselhos dos meus amigos sobre eles foi melhor ainda.

7. Seus pais só querem seu bem.

Um dos maiores pesos que eu carreguei nesses meus 30 anos foi o medo de decepcionar meus pais. Eles são pessoas incríveis que sempre fizeram tudo pra que eu atingisse meus objetivos, e nunca questionaram minhas decisões ou impuseram condições aos meus caminhos. Mesmo assim, eu sempre questionava se eu estava atendendo às expectativas deles. Quando eu era adolescente, brigava muito com minha mãe quando ela “se metia” nas minhas decisões. Sonia Crespo sempre conta que ser mãe era seu maior sonho, seu grande objetivo de vida. Eu, filha única, ficava apavorada com essa informação. Como eu posso ser o sonho da minha mãe? A resposta veio dela mesma: “a maior alegria da vida de uma mãe é ver sua filha trilhando o próprio caminho”. Depois que entendi isso, passei a ficar mais tranquila. Até hoje, sempre consulto meus pais antes de tomar uma decisão importante, e levo a opinião deles em extrema consideração — mas não a tomo como verdade absoluta. Sei que eles têm orgulho da pessoa que eles criaram porque eu sou capaz de escolher meus próprios caminhos.

8. Não se preocupe em decepcionar os outros.

A maior parte das expectativas são criadas pela nossa própria cabeça. Nós achamos que nossos pais estão esperando grandes feitos de nós, que nossos amigos contam conosco pra absolutamente tudo, que nossos parceiros querem um jantar romântico todo fim de semana. Decepcionar os outros é inevitável se idealizarmos as expectativas. Isso pode ser resolvido com a terceira melhor atividade a ser praticada com a boca: falar sobre o que está sentindo e perguntar o que o outro espera. O diálogo faz milagres e, na maioria das vezes, as pessoas não querem o que achamos que elas querem. Fazer alguém feliz é muito mais fácil do que imaginamos e idealizamos.

9. Você não é obrigada a nada.

Durante esses 30 anos, ouvi muitas vezes que sou rebelde. Ariana demais. Impaciente. Inconformada com tudo. Ajustei um pouco dessa impulsividade e controlei a impaciência, mas no geral me orgulho de ser assim. Eu definitivamente não sou obrigada a nada — principalmente se essa obrigação tiver alguma relação com padrões impostos pela sociedade. Não sou obrigada a ficar em um trabalho que odeio só porque estou há anos construindo uma carreira naquela empresa. Não sou obrigada a ser humilhada pelo meu superior porque sou subordinada. Não sou obrigada a escolher meu guarda-roupa de acordo com o que a sociedade julga aceitável para meu peso ou minha idade. Resista. Rebele-se.

10. Dinheiro é bom, mas viver é melhor ainda.

Houve uma época em que eu só trabalhava. Passava seis dias por semana em um set de filmagem, e no meu dia de folga recebia várias ligações de trabalho. Trabalhava dia e noite, mais de 14 horas por dia. Ganhei bastante dinheiro e não tinha tempo de gastar. Comia em restaurantes chiques e tomava drinks caros nos poucos momentos de folga, sempre com colegas de trabalho, afinal minha agenda maluca raramente combinava com a dos meus amigos de fora do cinema. Minha vida era uma droga. Fumava, bebia muito, me alimentava mal. Estava sempre nervosa — qualquer notificação do celular me deixava em estado de alerta. Demorei cinco anos pra perceber que não queria mais viver daquele jeito, até que deixei tudo para trás e fui fazer um curso de roteiro no Canadá. Mudei completamente não só minha carreira, mas meu estilo de vida. Quando voltei pro Brasil, tive que começar tudo do zero. Voltei a ser assistente, ganhei menos dinheiro, mas passei a valorizar muito mais a vida fora do trabalho. Eu estabeleci para mim mesma e para todos com quem trabalho que raríssimas coisas são urgentes o suficiente para terem que ser resolvidas às 7h da manhã de uma quinta, ou no meio de um domingo. Não existe assunto que seja tratado de bom humor em um domingo. Tempo é dinheiro, e meu tempo livre não está a venda.

11. O sistema não funciona e você vai trabalhar duro à toa.

Uma dica pessimista, porém importante. Pesquisas apontam que millennials raramente ficam mais de dois anos na mesma empresa. Isso acontece porque nós percebemos que o sistema baseado na meritocracia é uma mentira. A ilusão de que trabalhar duro vai te recompensar, seja na escola, na faculdade ou no trabalho, é uma forma de controle. Seria absolutamente impossível dar cargos de diretoria para todas as pessoas que cumprissem suas metas dentro do prazo, chegassem na hora e comparecessem à todas as reuniões. Mas a ideia de que elas merecem e serão recompensadas é o que faz com que se esforcem e compitam entre si. Dessa forma, funcionários se sentem estimulados a fazer hora extra e trabalhar de casa para “mostrar serviço”. Bom para os empregadores. Nenhum benefício para os empregados. Não há nada de errado em querer fazer o seu melhor — só não espere que seu trabalho duro será recompensado o reconhecido.

12. Viaje sozinha.

Chega de falar de trabalho! Viajar é bom e todo mundo gosta, mas você já tentou fazer isso sozinha? Já experimentou a paz de sentar em um restaurante novo sem ninguém, apreciando apenas a paisagem, a comida e a sua própria companhia? Eu nunca gostei muito de viagens em grupo por ter que ficar contemporizando as vontades de todos — sempre tem a galera que pretende se alimentar exclusivamente de macarrão com salsicha versus o pessoal que quer sair pra comer em todos os restaurantes caros da cidade. Viajar sozinha te dá a liberdade de fazer o que quiser, na hora que quiser, do jeito que quiser, sem precisar enfrentar uma discussão. É também uma forma de você se conhecer e celebrar a si mesma. Não há companhia melhor do que a sua própria. Fique em hostels, conheça gente nova, ou simplesmente fique na sua e descanse.

13. A importância das atividades em grupo.

Mas não é só de solidão que vive o ser humano. Por mais que grupos sejam caóticos e difíceis, eles são importantes para nosso espírito de empatia e coletividade. Negociação, altruísmo e identificação são coisas que a gente só aprende em atividades grupais. Só precisamos tomar cuidado para não colocar nossa vontade em segundo plano e deixar o grupo se sobrepor. Uma coisa é fazer concessões, outra é se submeter ao coletivo sem questionar. De qualquer forma, a prática de atividades em grupo proporciona contato com pessoas de realidades diferentes, o que faz com que a gente coloque algumas ideias em perspectiva.

14. Saiba terminar relacionamentos românticos…

Conforme a gente vai chegando perto dos 30, começa uma pressão interna e externa pra casar e ter filhos. Eu não vivi essa pressão social tão forte por ser gay (na verdade, com o gay acontece o contrário: uma total ausência de expectativa pra você casar de papel passado e ter filhos). De qualquer forma, vivi um relacionamento muito longo que terminou quando eu tinha 28 e, antes do término definitivo, refleti por meses se essa era a melhor opção justamente por eu ter planos futuros de constituir uma família. Uma das minhas metas era entrar na fila da adoção quando eu fizesse 30, mas eu só queria fazer isso se estivesse com uma parceira que eu confiasse plenamente e com quem conseguisse ver esse futuro. O ano que seguiu o término do meu namoro foi terrível. Imagina cair no mundo do Tinder depois de 6 anos comprometida! Da última vez que eu estive solteira, não existia nem Whatsapp. Eventualmente, as coisas melhoraram, e o término foi para melhor. Existe uma linha tênue que separa a luta para salvar um relacionamento que ainda respira de uma teimosia para preservar algo que não existe mais. Faça uma projeção sua daqui a dez anos com seu parceirx. Você está feliz? Está fazendo o que pretendia no futuro? Consegue ver alguma coisa, ou é tudo enevoado? Não tenha medo da resposta. Essa pessoa não é sua última chance de ser feliz — talvez ela tenha sido só a primeira.

15. … E não românticos também.

Assim como acontece em namoros e casamentos, não há nada de errado em terminar uma amizade que não te traz mais alegria. Acredito que amiga é a primeira pessoa pra quem você quer contar alguma coisa, seja boa ou ruim. Você quer compartilhar sua vida com seus amigos. Você torce por eles. Fica bravo junto com eles. Aconselha e é aconselhado. Fala de tudo sem nenhum tipo de censura. Não finge que tá tudo bem. Feche os olhos e fale o nome dos seus amigos. As primeiras pessoas que vierem à sua cabeça são seus amigos de verdade; quem vier depois da hesitação é apenas um conhecido ou colega. Vivi momentos em que supostas amigas cobraram de mim mais do que elas me deram em troca, e o relacionamento se tornou unilateral. Fizeram o joguinho de se afastar e ficar esperando eu ir atrás para pedir desculpas por algo que eu nem sabia que tinha feito (e que no fim não era nada de errado). Refleti muito sobre o ocorrido e percebi que simplesmente não valia a pena, porque eu não queria voltar para aquele círculo vicioso que não me gerava nada além de cobranças e brigas. Não as procurei mais, assim como elas também não vieram atrás. Acredito que estamos melhor agora, como um casal que se separa ao perceber que o relacionamento já não funciona. Permita-se terminar uma amizade ou deixar que ela termine sozinha, e não force a barra para ser amigo de todo mundo. Lembre-se da primeira dica desse artigo: “nem todo mundo precisa gostar de você”.

16. Não se importe com o que os outros dizem/pensam.

Até porque a gente nunca vai saber exatamente o que está se passando pela cabeça do outro. “O que será que ela vai pensar de mim?”, “será que eles entenderam aquilo que falei?”, “espero que não me levem a mal por aquela piada”. Esses pensamentos são causados pela ansiedade e só tiram nosso sono. Você tem duas opções: se treinar para parar de se importar ou perguntar para a pessoa o que ela achou de tal coisa que você falou ou fez. Esse limbo da dúvida, da adivinhação, não serve pra nada. Eu sou adepta da primeira opção — a não ser que eu tenha magoado alguém sem perceber — e meu “segredo” é simples: vivemos em uma sociedade extremamente egocêntrica e as pessoas não estão nem aí pra você. Se à noite já esqueceram aquela história escabrosa que contamos de manhã, imagina aquela piada sem graça que você contou na reunião! Todo mundo está ocupado demais com sua própria vida pra ficar remoendo suas palavras. Ou talvez eles estejam ocupados demais remoendo as deles para pensar nas suas.

17. Distorções cognitivas e como combate-las.

Mais um item dedicado a Mirela, minha terapeuta. Começamos a analisar minhas distorções cognitivas no início do ano passado e isso mudou completamente o jeito que lido com meus pensamentos em momentos de tensão. A distorção cognitiva é um pensamento exagerado e irracional criado pelo nosso consciente baseado em traumas recentes. Justamente por não estarem no subconsciente, são mais fáceis de mapear e desarmar. É como uma regra que criamos baseada em algo que aconteceu uma ou duas vezes — ou seja, não faz sentido. Por exemplo: “toda balada será ruim”. Eu já fui em 287 baladas ruins, mas também já estive em 6 que foram boas. O pensamento mais apropriado seria “a maioria das baladas é ruim”, ou ainda “por experiência própria, posso afirmar que não gosto de balada”. Não é porque é ruim pra você que vai ser ruim pros outros, portanto não é uma verdade absoluta. Recomendo a terapia comportamental principalmente para pessoas impacientes como eu, que não estão dispostas a remoer aquele dia no jardim de infância em 1992 para achar a raiz de um trauma. Fala-se sobre acontecimentos diários e como reagimos a eles, o que nos fizeram sentir, e o motivo disso. Dessa forma, você se treina a identificar pensamentos distorcidos e diminuir a ansiedade em relação aos acontecimentos cotidianos.

18. Relacionamento aberto é possível.

Uma das maiores ressignificações que fiz no caminho para meus 30 anos foi minha visão de relacionamento. No começo, foi estranho. O sentimento de posse em relação ao outro é algo muito marcado pela sociedade, martelado em nossas cabeças desde cedo. Precisa ser desconstruído aos poucos, não derrubado. Três coisas são a receita do fracasso do relacionamento aberto: 1. Não respeitar os limites impostos pelo seu parceiro; 2. Criar na cabeça uma competição de quem pega mais pessoas; 3. Fazer a abertura na tentativa de salvar um relacionamento monogâmico desgastado. Como fazer funcionar? Treino. Desapego. Autoconfiança. Amor próprio. Autoestima. A pessoa não está com você só por causa da atração sexual, e sim porque escolheu construir uma vida ao seu lado. São duas coisas bastante diferentes e que deveriam ser tratadas separadamente. Agora, se você acha que isso não é para você, não se force. Não é porque funciona para mim que vai funcionar pra todo mundo.

19. Maternidade pode ser várias coisas.

Demorei muito para sentir vontade de ser mãe e, ao contrário do que muitos dizem, não acho que essa vontade tenha a ver com ciclos hormonais depois dos 20 anos. Minha inclinação maternal não tem nenhuma relação com biologia porque nunca senti vontade de ficar grávida. Acho que por isso mesmo eu demorei tanto tempo para querer ser mãe — adotar parecia ser o último recurso depois que você já tentou de tudo. Pra mim, é a primeira opção. Acredito na importância de cada mulher entrar em termos com seu desejo maternal, inclusive com a possibilidade dele simplesmente não existir, e encontrar formas de realiza-lo sem ceder às pressões sociais.

20. O poder de recomeçar.

Como boa ariana, eu adoro um começo. Fico impaciente quando as coisas estão perto do fim — quero que terminem logo pra que eu possa começar outra. Sei que tem muita gente que faz render a situação até a última gota, evitando ao máximo chegar ao fim. Acredito que isso tem muito a ver com zona de conforto e medo do desconhecido. Não tem nada melhor do que se jogar em algo novo e ver você mesmo se reinventando, virando alguém que você nunca imaginou que poderia ser. Um exemplo simples: como você elegeu um prato favorito em um restaurante se nunca experimentou os demais? Pode ser que todos os outros sejam péssimos e você estava certo desde o início. Ou pode ser que você tenha a melhor refeição da sua vida. Copo metade cheio ou metade vazio. Permita-se recomeçar e tentar coisas novas. Bons exemplos disso podem ser vistos na série Losers, do Netflix.

21. Brilho eterno de uma mente sem lembranças ruins.

Sempre tive o péssimo hábito de apagar completamente uma pessoa da minha cabeça quando ela me decepciona. Isso aconteceu com namoradas, ficantes, parentes, amigos. Eu apagava tudo, tudo mesmo, e era como se a pessoa nunca tivesse existido. Por tabela, apagava também experiências de vida e memórias íntimas importantes. Aos poucos, com ajuda da Mirela (rs), comecei a tentar resgatar as lembranças boas de pessoas “ruins”. Ela me explicou que superar alguém na verdade é ressignificar as memórias que temos da pessoa. Por exemplo: tomei um pé na bunda de uma ex, mas, antes disso, ela me apresentou a um filme ou série legal que marcou minha vida. Vou lembrar dela toda vez que ver a série, e de como foi legal da parte dela ter me indicado algo que me fez bem. Lembranças ruins fazem mal e não acrescentam nada, então façam um esforço para recuperar as coisas boas que sobreviveram em meio ao caos.

22. Lembranças são mais importantes do que coisas.

Essa vai pros meus amigos hoarders (vocês sabem quem são! rs). A nossa memória é seletiva por um motivo. É justamente por isso que não somos capazes de lembrar de absolutamente tudo, e acabamos nos apegando apenas ao que realmente importa. Ela já faz o filtro pra gente não ter esse trabalho. Então vamos jogar fora as milhares de fotos reveladas, os bibelôs, os pinduricalhos, até mesmo as cartas repetidas, e deixar apenas um de cada. Manter um diário também é legal, caso você queria evocar alguma memória bem específica depois. Mas, em geral, você vai perceber que coisas não tem todo esse valor afetivo que você imagina, até porque você raramente olha pra elas. Post patrocinado por Marie Kondo.

23. Redes sociais são apenas para diversão (a não ser que você seja influencer).

Acho que vocês já estão cansadas de ouvir isso, mas não podemos nos deixar levar pelo que é mostrado nas redes sociais. Simplesmente não é realista. As pessoas não estão felizes o tempo todo, não viajam o ano inteiro, não estão sempre na festa, não tem uma vida melhor que a sua. A imagem que você coloca na rede é uma projeção de como você quer que te vejam. Na maioria dos casos, isso é bem diferente da realidade. Use as redes sociais para se expressar autenticamente e se divertir, trocar mensagens com os amigos e ver exemplos positivos de influencers que realmente fazem a diferença. Quando estiver deitada, enrolando para dormir, que tal ler um livro ao invés de zapear os Stories do Instagram? Convenhamos: você já sabe o que tem ali. Todo dia as mesmas pessoas postando as mesmas coisas. O movimento dos olhos durante a leitura acalma o cérebro e ajuda a pegar no sono. #ficaadica (ainda usa isso? kkkk)

24. O poder do sim.

Alguns anos atrás eu li o livro The Year Of Yes, da maravilhosa Shonda Rhimes, e ele me impactou. Primeiro porque amo, admiro e idolatro a Shonda, segundo porque ela poderia me convencer até mesmo sobre os poderes terapêuticos de comer cocô. Como vocês podem ver nesse TED Talk, ela diz que sua vida sofreu um enorme impacto positivo quando ela começou a falar "sim" para todas as coisas, desde pequenos pedidos dos filhos até convites para viajar pro exterior. Isso acontece porque nós — principalmente mulheres — estamos acostumadas a falar "não" como primeira reação a tudo que sai da rotina, para que possamos nos manter em nossa zona de conforto. Falar sim significa assumir o compromisso com a mudança, e isso requer coragem e espaço para erros. Permita-se. Faça o que tem vontade. Aceite convites. Desafie-se. Saia da rotina. Diga sim. Mas nem sempre.

24. O poder do não.

O que Shonda não conta em seu livro, provavelmente porque ela é a chefe da sua empresa, é que precisamos impor alguns limites. Não devemos nos acostumar a falar sim para tudo só porque é um desafio. Não podemos concordar em sermos exploradas no trabalho ou na vida pessoal. Não fale sim para aquela pessoa que sempre vem pedir um "favorzinho", ou para quem te pressiona a ser algo que você não é. Para as mulheres, é extremamente importante aprender a força do não e perder o medo de parecer agressiva. Lembre-se de que você não é obrigada a nada.

26. Aprenda formas de investir seu dinheiro.

Uma dica prática para acalentar o coração dos capricornianos que me leem, rs. A não ser que você esteja entre os 1% mais ricos do Brasil, o cenário econômico do nosso país é triste, principalmente para o trabalhador autônomo. Dificilmente vamos conseguir contar com uma boa aposentadoria — se é que vamos conseguir nos aposentar um dia. Por isso, é extremamente importante que você aprenda a guardar dinheiro e faze-lo render. Ser de humanas não é desculpa, afinal economia está nessa área do conhecimento. Diversas corretoras oferecem cursos básicos sobre como investir seu dinheiro pra você não depender só da poupança. Eu fiz esse curso da XP e recomendo.

27. Tenha a confiança de um homem branco hétero cis.

Já reparou como os homens heteros brancos cis se colocam no ambiente de trabalho? Como eles se apresentam em uma entrevista de emprego? Como expõe suas opiniões? É como se eles tivessem certeza absoluta de que sabem mais do que todo mundo e foram enviados pelo Céus para exercer aquela função e elucidar os demais seres humanos sobre determinado assunto. Apesar de parecer ridículo, isso funciona, e caras babacas acabam sendo contratados no lugar de mulheres mais competentes e tímidas. Tire uma página do livro deles e comece a se colocar dessa forma. Acredite piamente no que você está falando. Argumente sem nenhuma sombra de dúvida, mesmo que você não esteja assim tão certa. Isso vai te ajudar a conquistar coisas que você nem imaginava serem possíveis.

28. Saiba fazer reparos domésticos.

Morar sozinha é uma dádiva, mas ela vem com seus desafios. Se você não souber fazer absolutamente nada de reparos domésticos, sua vida será difícil e você gastará muito dinheiro com prestadores de serviço terceirizados. Geralmente são homens que não conseguem chegar no horário, não seguem sugestões e raramente aceitam que estão errados. Poupe-se desse martírio e aprenda o básico de reparos domésticos, como trocar uma tomada, montar um móvel, instalar uma prateleira, etc. Não é tão difícil quanto parece. Você consegue! Mas, caso realmente não tenha essa predisposição, existem diversas mulheres que prestam esse serviço.

29. Procure o seu equilíbrio.

Para cada não existe um sim, para cada desafio existe uma certeza, para cada rotinha existe a quebra. Eu acredito que a felicidade está no equilíbrio de todas as coisas. Saber balancear trabalho, namoro, cachorros, gatos, projetos pessoais, hobbies, culinária, limpeza da casa e vida social foi o maior aprendizado dos meus 30 anos. A vida adulta não é tão difícil quanto os memes dizem. É tudo uma questão de equilíbrio.

30. Namore o Bradley Cooper da sua Gaga.

Em uma sala com 100 pessoas, 99 podem até não acreditar em você, mas, se uma acredita, isso é o bastante. Segundo Lady Gaga em diversas entrevistas e premiações, Bradley Cooper foi essa uma pessoa pra ela em A Star is Born. Acho que essa é a melhor definição do que um relacionamento deve ser: a pessoa com quem você divide sua vida deve acreditar em você, mesmo quando ninguém mais acredita — nem mesmo você. E você deve fazer o mesmo por ela. Estimule, celebre, torça pelo seu parceirx. Não faz sentido estar com alguém que não seja seu fã número um. Lucí, obrigada por ser o Bradley Cooper da minha Lady Gaga. ❤

Bônus: seja o Bradley Cooper da Gaga de alguém.

Com 30 anos, você já tem experiência de vida o suficiente para ajudar alguém, nem que seja com alguns conselhos. Acredite. Inspire. Abra portas. Faça pelos mais jovens aquilo que gostaria que tivessem feito por você na idade deles. Não seja rancoroso ou competitivo. Agregue. Ninguém solta a mão de ninguém.

Coisas que não aprendi antes dos 30:

· Usar o Tinder

· Tocar sanfona

· Dirigir caminhão

· Jogar futebol

· Origami

· Dançar forró

· Ajustar o alarme do relógio Casio

Daqui a 30 anos confiram 60 coisas que aprendi antes dos 60 pra saber se consegui resolver a lista acima. Beijos de luz!

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